Os filhos têm muita necessidade de serem amados pelos pais.
Essa é uma afirmação da qual poucas pessoas discordariam.
Existem as pessoas que foram amadas pelos pais, mas existem aquelas que não foram.
Estas últimas chegam no meu consultório com sérios problemas de baixa autoestima e necessidade de aprovação.
Por quê?
O relacionamento que os filhos têm com os pais define o padrão de relacionamento que eles adotarão na sociedade e muito da imagem que terão de si mesmos.
O impacto dos pais na construção da identidade dos filhos é forte assim.
Você escolheu seu próprio nome?
Pois bem.
A forma pela qual você é identificado na sociedade foi definida pelos seus pais.
Então, se você cresce ouvindo que é feio, gordo ou magrelo, burro, incapaz, incompetente, isso vai pra sua identidade também.
Se seus pais estão sempre te cobrando um desempenho melhor.
No campeonato de natação você chegou em terceiro e eles queriam que você chegasse em primeiro.
Sua nota na prova foi 9, mas poderia ter sido 10.
Você passou em primeiro lugar na Federal de Farmácia, mas seu vizinho passou em Medicina.
Você se torna um adulto que nunca está satisfeito consigo mesmo.
Por mais que você se esforce, nunca é o bastante.
Esse padrão de relacionamento construído com os pais é transferido pra sociedade.
Você vai querer agradar a todo mundo e a vida vai ser um fardo.
Medo e ansiedade serão suas companhias constantes.
Muitos pais falam que amam os filhos.
É muito importante para o filho ouvir isso.
“Meu filho, eu te amo”.
Todos nós temos a necessidade de sermos amados, e o amor dos pais é o mais importante.
Só que existe algo muito mais poderoso do que dizer eu te amo.
É quando o pai ou a mãe diz para o filho: “Meu filho eu tenho orgulho de você”.
Todas as vezes que eu converso sobre isso com meus pacientes no consultório eles choram.
Eu menciono essa frase: “Meu filho, eu tenho orgulho de você” e eles choram.
Eu sei o porquê isso acontece.
Eles choram porque tudo que eles mais gostariam de ouvir é isso.
Quando um pai ou uma mãe diz que ama o filho, num certo sentido, isso é o que se espera dos pais mesmo.
Existe meio que uma obrigação social dos pais amarem os seus filhos.
Muitos não amam.
Muitos amam, mas não falam que amam.
Mas aqueles que amam e falam, sim, o filho gosta de ouvir, mas fica aquela sensação de só estar cumprindo uma obrigação mesmo.
Então o filho ouve, mas não o afeta tão profundamente.
Mas quando o pai diz: “Meu filho, eu tenho orgulho de você”, isso não é uma obrigação.
Então o filho pensa: “A pessoa mais importante da minha vida tem orgulho da pessoa que eu sou”.
Isso é um verdadeiro anabolizante pra autoestima.
O pai que só humilha o filho.
O pai que está sempre insatisfeito.
Que só faz comentários depreciativos.
O filho cresce com complexo de inferioridade.
Todo mundo é melhor do que ele.
Ele é o diretor da empresa, trabalha quatorze horas por dia, mas não é suficiente.
O medo de ser rejeitado o acompanha como uma sombra permanente.
Existem filhos que são extremamente dedicados, responsáveis, obedientes, e os pais estão insatisfeitos.
Cobram dos filhos uma excelência que eles mesmos não têm e não tiveram.
Isso acontece muito quando os pais são vaidosos e orgulhosos.
Querem um filho pra mostrar pra sociedade, como se fosse um troféu.
Pra que eu vou mostrar uma medalha de prata pra sociedade se eu posso mostrar uma medalha de ouro?
Só que essa vaidade tem um preço altíssimo: A saúde psicológica e emocional dos filhos.
Pais, sejam menos vaidosos e egoístas.
Se seu filho vive a melhor versão de si mesmo que ele pode viver, mesmo que ela não seja a que você gostaria, diga a ele: meu filho, eu tenho orgulho de você.
E seu filho será uma pessoa a menos em consultórios psicológicos quando se tornar um adulto.
